Bloco afro Ilê Aiyê vira jogo de tabuleiro graças a alunas
Em Ponto Novo, no norte da Bahia, a proibição de celulares em sala de aula virou combustível para inovação. Estudantes do Colégio Estadual de Tempo Integral Nelson Maia desenvolveram um jogo de tabuleiro inspirado nos 50 anos do bloco afro Ilê Aiyê, fortalecendo a identidade racial da juventude negra.
O projeto, que ganhou o Destaque Internacional em História e Antropologia de Ciências Sociais no Encontro Sul-Americano de Ciências e Tecnologia, em Assunção (Paraguai), em 5 de setembro, destaca a resistência cultural baiana.

Da Proibição à Criação Pedagógica
A ideia surgiu nas aulas de “Arte e História dos Meus Ancestrais”, ministradas pela professora Noemia Cruz. Após exibir o documentário “Ilê Aiyê: A Casa do Mundo”, da TV Bahia, as alunas notaram o desconhecimento de colegas sobre símbolos negros, como o Ilê Aiyê.
Sem celulares, o foco virou criação manual. Raquel de Jesus e Alessandra de Jesus lideraram o desenvolvimento, sob orientação de Noemia, visando elevar a autoestima e combater o racismo.
O bloco afro, símbolo global da cultura baiana, inspirou o jogo a celebrar a luta do povo preto.
Detalhes do Jogo Inovador
Com 50 cartas – em homenagem ao cinquentenário do Ilê Aiyê, em novembro de 2024 –, o tabuleiro tem formato em “S”. Cada carta destaca personalidades negras históricas, como Mãe Hilda Jitolu, Vovô do Ilê, Margareth Menezes e Carla Akotirene.
Elementos visuais incluem búzios, cores ancestrais e expressões afro-brasileiras. Jogadores avançam acertando perguntas ou desafios, promovendo aprendizado interativo sobre negritude.
A brincadeira fomenta pertencimento e orgulho, transformando aula em experiência lúdica.
Prêmio e Reconhecimento Global
O prêmio em Assunção consolidou o jogo como ferramenta de educação antirracista. Noemia Cruz enfatiza que a valorização da cultura negra gera ciência no interior da Bahia.
A iniciativa ultrapassou fronteiras, mostrando como projetos locais impactam o debate global sobre identidade racial.
“Eu fico muito feliz em ter participado desse projeto por ter representado algo que muitas pessoas não tiveram chance, principalmente quando falamos de negritude e racismo”, disse Alessandra de Jesus.