Confirmado: jogar Pokémon mexe com o cérebro da criançada
A facilidade em lembrar personagens de jogos antigos costuma surpreender quem esquece conteúdos escolares com a mesma rapidez. Muitos adultos que cresceram nos anos 90 sabem de memória dezenas de criaturas virtuais. Já operações simples ensinadas na infância às vezes parecem difíceis quando revisitadas. Essa disparidade levou pesquisadores a investigar como estímulos marcantes moldam o cérebro.

A ideia de que o cérebro cria espaços específicos para certas memórias ganhou força com estudos recentes. Pesquisadores observaram que informações recebidas de forma intensa e repetitiva fixam-se com grande facilidade. Isso explica por que recordamos aventuras digitais com tanta clareza. Essas lembranças duradouras sugerem que o cérebro organiza conteúdos especiais de maneira diferente.
Essa seleção natural de memórias não ocorre de forma aleatória, segundo neurocientistas. O cérebro prioriza aquilo que recebe maior atenção e emoção durante a fase de desenvolvimento. Por isso, experiências infantis podem ganhar um “compartimento próprio”. A descoberta motivou cientistas a seguir investigando como isso acontece na prática.
Estímulos repetidos e a criação de novas áreas neurais
A origem dessa linha de pesquisa surgiu a partir de testes envolvendo primatas em Harvard. A equipe observou que estímulos contínuos em fases iniciais de vida formavam áreas inéditas no cérebro. Os macacos desenvolveram regiões voltadas ao reconhecimento de figuras específicas. A partir desse achado, estudiosos decidiram verificar se o mesmo mecanismo existia em humanos.
O neurocientista Jesse Gomez retomou uma vivência muito pessoal ao explorar essa questão. Ele lembrou das longas sessões dedicadas a jogos portáteis que marcaram sua infância. Segundo o pesquisador, as horas investidas nas aventuras virtuais eram intensas e constantes. Esse padrão de exposição poderia explicar a criação de áreas cerebrais exclusivas.
A hipótese ganhou força quando ele notou que muitos jogadores exibiam memórias extremamente afiadas. Títulos que exigiam atenção visual e reconhecimento rápido pareciam estimular regiões específicas. Essa combinação levantou a suspeita de que a plasticidade cerebral infantil fosse responsável por essas mudanças. O próximo passo seria medir esse efeito no cérebro humano.